sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Retrato Fiel

Não creias nos meus retratos,
nenhum deles me revela,
ai, não me julgues assim!

Minha cara verdadeira
fugiu às penas do corpo,
ficou isenta da vida.

Toda minha faceirice
e minha vaidade toda
estão na sonora face;

naquela que não foi vista
e que paira, levitando,
em meio a um mundo de cegos.

Os meus retratos são vários
e neles não terás nunca
o meu rosto de poesia.

Não olhes os meus retratos,
nem me suponhas em mim.


Gilka Machado

domingo, 9 de janeiro de 2011

Um parêntese

Os olhos do Chico não envelhecem, continuam com a mesma vivacidade da juventude...

Raridade de Chico em áudio


http://www.4shared.com/file/n3yToNNS/Show_Meu_refro_Chico_66.html

Em 1966, o Brasil inteiro parou em frente à televisão para ver "A Banda" passar. Pouco tempo antes de sua consagração no 2º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record -que venceu juntamente com "Disparada", de Geraldo Vandré e Théo de Barros, Chico Buarque começava a sua primeira temporada em palcos cariocas.
À época, o espetáculo foi um sucesso absoluto, permaneceu por meses em cartaz na boate Arpège, no Leme (zona sul do Rio), com apresentações de terça a domingo.
Agora, pode vir a público em um programa cuja produção está sendo encaminhada pelo Canal Brasil, que terá como eixo uma fita descoberta pelo músico Felipe Radicetti, em 2005, com o áudio de um dos shows na íntegra.
Desde meados da década de 70, a fita esteve sob a guarda de Radicetti. Ela lhe foi confiada pelo músico Renê Faria Terra, que, por sua vez, a tinha recebido das mãos do técnico de som da boate. Em 2005, enquanto digitalizava o seu acervo, Radicetti redescobriu a fita e fez cópias para entregar aos músicos que estavam no show.
Recentemente, Radicetti mostrou o material a Paulo Mendonça, diretor do Canal Brasil, que teve a idéia de promover o reencontro dos principais personagens ainda vivos do espetáculo em um programa a ser produzido pela emissora, com direção de Antônio Carlos da Fontoura.
Mendonça espera que as gravações sejam realizadas até o final deste ano, mas a realização do programa ainda depende de negociações com os envolvidos e do retorno de Chico ao Brasil, atualmente, ele está em Paris trabalhando em seu próximo livro.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0808200825.htm

Agradeço ao amigo Marcelo, que me enviou essa preciosidade!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número
e outra vontade de acreditar que daqui por diante vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Simplicidade

Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.

Clarice Lispector

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Amizade

Nada, jamais, substituirá o companheiro perdido. Velhos camaradas não se criam. Estas amizades não se refazem: ao plantar um carvalho, é vã a esperança de poder gozar brevemente de sua sombra.

Saint-Exupéry

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Felicidade

O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades.

Vinícius de Moraes

sábado, 11 de dezembro de 2010

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria tão a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto de sua vida: claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva, e se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no meio da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez a vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

Jorge Luís Borges

sábado, 4 de dezembro de 2010

Mais Manoel de Barros...

O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia a volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: essa volta que o rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.

Manoel de Barros

Manoel de Barros, sempre...

Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem o sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.


Manoel de Barros

Ana C.

Estou Atrás
do despojamento mais inteiro
da simplicidade mais erma
da palavra mais recém-nascida
do inteiro mais despojado
do ermo mais simples
do nascimento a mais da palavra.


Ana Cristina César

Igualdade Intelectual

Não pude deixar de pensar, enquanto olhava as obras de Shakespeare na prateleira, que o bispo não tinha razão pelo menos nisso: teria sido possível, completa e inteiramente, a qualquer mulher ter escrito as peças de Shakespeare na época de Shakespeare. Permitam-me imaginar, já que é tão difícil descobrir fatos, o que teria acontecido se Shakespeare tivesse tido uma irmã maravilhosamente dotada, chamada, digamos, Judith.
Sua extraordinariamente dotada irmã, suponhamos, permanecia em casa. Era tão audaciosa, tão imaginativa, tão ansiosa por ver o mundo quanto ele. Mas não foi mandada à escola. Não teve oportunidade de aprender gramática e lógica, quanto menos ler Horácio e Virgílio, pegava um livro de vez em quando, talvez um de seu irmão e lia algumas páginas. Mas nessas ocasiões os pais entravam e lhe diziam que fosse remendar as meias ou cuidar do guisado, e que não andasse no mundo da lua com livros e papéis.

Virgínia Woolf

Dezembro

Seja bem-vindo, dezembro! Sua chegada representa o fim de um ciclo para o início de outro.
Quando a razão não nos basta para explicar nossas angústias e felicidades, recorremos constantemente à magia. É o número da sorte, a cor da sorte, entrar com o pé direito, ou qualquer coisa do gênero.
Sempre tive tendência a preferir anos pares. Por que? Não sei. Acreditava que trazia sorte. Porém, 2010 veio para desmistificar minha magia particular. Foi um ano penoso.
Que venha 2011, ano ímpar. Que traga consigo toda a leveza que faltou ao ciclo que se encerra. E como acreditar em magia faz um bem enorme ao coração, a mudança de década na minha vida pode significar que este é o momento ideal para alterar minha magia. Sim, a partir de agora acredito profundamente que os anos ímpares trarão consigo o que de melhor houver para todos nós.
Portanto, adeus, goodbye, adiós, au revoir, addio, 2010!!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Geografia Carioca

O Rio de Janeiro é uma das poucas cidades que você não pode ignorar. Tem cidades que você quase que ignora, o cenário e a geografia dela. Você fica só com a história e descarta a geografia. O Rio de Janeiro se impõe na sua geografia pela beleza e pela sedução. O Rio é uma cidade muito sensual, cidade de sol. Quando se pensa em Rio de Janeiro você pensa em sol, mar. Estas coisas você capta pelos olhos, pela pele. A relação do carioca com a cidade é uma relação muito sensual. Eu sempre digo que o Rio de Janeiro é uma cidade mulher. É uma cidade feminina. E ela captura homens e mulheres pela sua sedução.


Luiz Alfredo Garcia-Roza

sábado, 27 de novembro de 2010

Cidade Maravilhosa

A recente onda de terror instaurada pelo tráfico nas ruas do Rio, só faz reafirmar nosso amor incondicional pela cidade, que, apesar de tão maltratada, sobrevive impoluta em meio à violência. Ela é maior e sairá vitoriosa dessa guerra. Acolhedora, acordou linda nesta manhã de sábado e continuará a nos brindar com sua beleza. A despeito da violência, seu eloquente encanto nos diz, a cada amanhecer, que seus algozes não serão suficientes para derrotá-la.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mulher

Não se nasce mulher, torna-se.

Simone de Beauvoir

Lucidez

Eu gostaria muito de ter o direito, eu também, de ser simples e muito fraca, de ser mulher...
Hoje cedo desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã e tem uma certeza serena...
No entanto, não quero acreditar: um ato de fé é o ato mais desesperado que existe e quero que meu desespero pelo menos conserve sua lucidez. Não quero mentir para mim mesma.

Simone de Beauvoir

Felicidade

Não há que se ter vergonha de preferir a felicidade.

Albert Camus

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Poder Paralelo

Os últimos episódios de violência no Rio estão envoltos numa série de questões que carecem de incansáveis debates da sociedade.
Todos nós já sabíamos que a implantação das UPPs nas comunidades dominadas pelo tráfico era uma medida paliativa. Levar a presença do Estado à comunidade apenas como forma repressora não resolveria o problema. Não houve uma ação conjunta de políticas públicas de educação e saúde, por exemplo. Somente a polícia não pode resolver um trágico fenômeno social consolidado há décadas. A ação deveria ser conjunta e heterogênea. A polícia deveria estar acompanhada de outros profissionais que prestariam serviços que, historicamente, nunca chegaram às comunidades.
Outra questão que foi absolutamente desconsiderada pelo governador e seus técnicos foi a inexistência de planejamento de retirada daqueles que comandavam o tráfico nas comunidades. A Secretaria de Segurança anunciava com alguns dias de antecedência que haveria ocupação de determinada comunidade. Assim, os traficantes tinham tempo suficiente para arrumar suas malas e saírem tranquilamente, sem serem importunados. Esses homens não foram retirados do convívio social. Continuam por aí, entre nós. Não houve prisões. O que houve foi praticamente um aviso de despejo.
Obviamente, quem vivia do tráfico vai buscar uma alternativa no mundo do crime para substituir seu “negócio” que foi desarticulado. O governador não envidou esforços para que houvesse diminuição nos índices de criminalidade, já que os criminosos continuam livres. O que houve foi a desarticulação de uma modalidade de crime. Era uma questão de tempo para que o perfil da criminalidade no Rio mudasse. E é exatamente o que vem acontecendo. O criminoso do tráfico diversificou suas formas de ação e está por aí praticando crimes de outra espécie. O Estado vai tentar explicar com linguagem técnica o motivo para a onda de arrastões. Mas a única certeza que podemos ter é que quem está praticando os arrastões são os mesmos que dominavam as comunidades com o tráfico. Um crime não é melhor nem pior que o outro, é apenas diferente.
Um outro ponto que é uma incógnita: por que a onda de violência esperou a reeleição do governador para começar? Sabemos que muitos deputados e vereadores foram e continuam sendo eleitos com o apoio dos “donos” das comunidades. Teria havido um acordo de cavalheiros entre o tráfico e políticos que tinham interesse na reeleição do governador?
Mais uma pergunta que não quer calar: por que nenhuma comunidade dominada por milícia entrou no planejamento de ocupação por UPP?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Memória

Procuro despir-me do que aprendi.
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
desencaixotar minhas emoções verdadeiras,
desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
mas um animal humano que a natureza produziu.
Isso exige um estudo profundo,
uma aprendizagem de desaprender...

Alberto Caeiro

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Essência

Enfim, ressurjo de um longo período sabático,
hibernada em minhas reminiscências.
Sem buscar, me auto-conheci um pouco mais.
Morri e renasço agora, outra.
Ainda não conheço. 
Penso estar adolescendo,
nunca é tarde.
Espero adolescer outras vezes ainda,
me faz viva.
Dói,
mas na ausência de dor não se alcança a plenitude.
Talvez nada disso seja real,
apenas um desejo.

Arte e História

A arte é a expressão da sociedade em seu conjunto: crenças e idéias que fazem de si e do mundo. Diz tanto quanto os textos de seu tempo, às vezes até mais.


Georges Duby

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Desperdício

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 6 de novembro de 2010

Momento "Sampa"


Fiquei muito impressionada com o Museu da Língua Portuguesa. Imperdível! Não dá pra ir a São Paulo e não visitar. Fica a dica. E o melhor é que além de suas exposições serem maravilhosas, ele fica ao lado da bela Estação da Luz e em frente à Pinacoteca. É uma overdose de beleza...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ser Poeta

Ser Poeta não é escrever poemas, é ser poesia.


Sérgio Vaz

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


Manuel Bandeira

Poemeto Erótico

Teu corpo claro e perfeito,
Teu corpo de maravilha
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...

Teu corpo branco e macio
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...

Volúpia de água e da chama...

A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...


Manuel Bandeira

domingo, 24 de outubro de 2010

Por que mudar é tão doloroso?

Estamos todos, por mais resolutamente revolucionárias que sejam nossas disposições subjetivas, vulneráveis a impregnações conservadoras sutis. Temos medo de assumir todos os riscos inerentes à autotransformação.
Como poderíamos alterar tranqüilamente as bases da construção teórica que faz de nós aquilo que somos? A palavra "alterar"  vem do latim alter, o outro. Quem empreende um ajuste de contas com suas convicções e decide alterar seus conceitos corre o risco de virar outro, de perder sua identidade.
É compreensível que a mudança nos assuste.
Mudar é correr o risco de morrer.

Leandro Konder

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Freixo fala de "Tropa"



Declaração do deputado estadual Marcelo Freixo sobre o filme "Tropa de Elite 2" e sobre o personagem que foi inspirado nele.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lacunas

Eu sou os lugares aonde irei
As músicas que ainda hei de ouvir
Os filmes que assistirei
E os livros que ainda não li.

Manoel de Barros


A maior riqueza do homem é sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre
portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que
compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora,
que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

**********
Tem mais presença em mim o que me falta.

**********




A poesia de Manoel de Barros dispensa comentários.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pagu



Em homenagem a todas as grandes mulheres que conheço, que fazem do nosso gênero o sexo forte, sem perderem a delicadeza.

Marcelo Freixo - um herói contemporâneo

http://books.google.com.br/books?id=-WEEAAAAMBAJ&pg=PT69&dq=o+aval+da+onu+para+entrar+na+guerra+e+negociar+a+paz&hl=pt-BR&ei=cb60TO2kE4T48AaDxbnoCw&sa=X&oi=book_result&ct=book-thumbnail&resnum=1&ved=0CC4Q6wEwAA#v=onepage&q=o%20aval%20da%20onu%20para%20entrar%20na%20guerra%20e%20negociar%20a%20paz&f=false

Se alguém ainda tem dúvidas sobre os motivos pra esse cara ser considerado um herói, é só ler essa entrevista, concedida há 8 anos.
Freixo acaba de ser reeleito para seu 2º mandato, como deputado estadual do Rio. O 2º mais votado do estado.

Festa da Vitória



A consciência da boa política, enfim, renasce nos corações e mentes fluminenes.

Eu preciso dizer que te amo... Cazuza & Bebel



Esse DNA Buarque de Hollanda é poderoso!!

Roberta Sá e Chico Buarque - Mambembe



Adoro isso!! Não me canso de ouvir...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pequena Miss Sunshine

Divido um trecho de texto escrito pela querida amiga Lucia Cordeiro, se referindo ao filme "Pequena Miss Sunshine". Pôr essas palavras em prática deve ser um exercício diário. Como dizia Benjamin Disraeli: "A vida é muito curta para ser pequena".

"A Felicidade não é para os covardes.
Ela está na coragem de reinventar momentos, de correr riscos e foge do paradigma estabelecido pelo senso comum porque é muito particular.
E não se prende à possibilidade de perpetuação desse estado.
Se puderes ser feliz durante 30 minutos ou 30 dias, mesmo correndo riscos, tenha coragem suficiente para fazê-lo porque a felicidade não tem prazo, tem intensidade.
Mesmo que contrarie o grupo ao qual estejas ligado, e que provoque reações negativas no mesmo.
Lembre-se: o grupo não suporta dissidentes. Ele inveja a coragem e aposta no fracasso."

http://nasesquinasdafarme.blogspot.com/

Kamchatka



Minha história com este filme é engraçada. Entrei na Casa França Brasil para asistir "O Homem que Copiava". Ao sentar na poltrona da sala de exibição, percebi que os atores falavam espanhol. Levantei e perguntei à bilheteira se não exibiriam o filme de Jorge Furtado naquela sessão. A mulher me respondeu que o filme brasileiro tinha saído de cartaz no dia anterior.
Já que estava lá, terminei de assitir o filme. Foi, para minha surpresa, um dos mais belos filmes que assisti na vida. Era de nacionalidade argentina e se chamava Kamchatka, dirigido por Marcelo Pinheiro.
Deixo uma pequena amostra...

Tropa de Elite 2

Ainda sob o impacto de “Tropa de Elite 2”, lembrei-me de um dado interessante que li em algum lugar há alguns anos. O texto afirmava que algumas favelas da zona sul da cidade do Rio de Janeiro apresentavam IDH equivalente ao de regiões miseráveis da África. Enquanto em bairros como o Leblon, por exemplo, o IDH equivalia ao de países europeus. Esse abismo social é uma forma cruel de violência. Esta é a matriz para todas as outras variações da violência que vemos retratadas no filme.
O Rio de Janeiro é a cidade dos paradoxos. Na introdução de “Vigiar e Punir”, de Michel Foucault, há uma detalhada descrição de uma sessão de tortura ocorrida na Idade Média. Como não fazer uma analogia com o que acontece no Rio? No filme, a cena de violência contra a jornalista nos aproxima das cruéis torturas medievais. Apesar da distância temporal e geográfica, é como se a sociedade tivesse permanecido estática por meio milênio. A barbárie da Europa medieval está presente no cotidiano carioca, em pleno século XXI. Realidade perversa e anacrônica.
Por estes motivos, “Tropa de Elite 2” pode ser considerada uma obra ficcional, sim, mas que retrata a dura e triste realidade semi-invisível que está ao nosso lado e não vemos, ou fingimos não ver, por comodidade. Sua corajosa crítica social é fundamental pra nos sacudir e dizer: “tudo isso está acontecendo debaixo dos seus olhos! Acorde!”.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Dicas

Tenho duas dicas, uma de teatro, outra de cinema.
O musical Gota D'água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, ganhou uma nova e belíssima versão, que, segundo os que viram a primeira, aquela nada deixa a dever. Izabella Bicalho interpreta brilhantemente a Joana, que um dia pertenceu à Bibi. A peça reúne um time de excelentes profissionais na atuação, direção, som, iluminação. Tudo muito bom!
No cinema, fui assisitir recentemente O Mistério do Samba. Belo documentário sobre a Velha-Guarda da Portela. Uma justa homenagem àqueles que ajudaram a escrever a história do samba carioca. O filme conta com a participação de famosos como Monarco, Marisa Monte, Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho, e de muitos outros semi-anônimos, mas não menos talentosos e importantes para a arte e cultura carioca.

Beleza é fundamental?

A aparência sempre foi uma preocupação humana. Porém, o conceito de beleza foi sofrendo transformações através dos tempos. Basta lembrarmos da figura feminina na Renascença. Suas formas arredondadas foram retratadas nas obras de arte como uma maneira de exaltar o belo. Enquanto hoje, as pessoas vivem numa busca desenfreada pela magreza.

No século XIX, o médico italiano Cesare Lombroso utilizava a aparência das pessoas para categorizá-las. Afirmava que era possível identificar um criminoso considerando apenas sua aparência física. Dizia ainda que mulheres criminosas natas apresentavam características masculinas. Por mais que nos pareça estranho, o pensamento lombrosiano estava em consonância com as teorias científicas de sua época.

Ainda no oitocentismo, havia um biótipo considerado o ideal para as moças de família, que deveriam aparentar fragilidade e candura. A mulher deveria ser inofensiva e demonstrar essa característica em sua aparência e atitude, pois assim ela não ofereceria risco ao domínio masculino, garantindo a manutenção do homem no controle daquela sociedade.

A questão da aparência é extremamente variável, dependendo, entre outros fatores, do espaço geográfico. Exemplo disso são as mulheres de uma tribo tailandesa que usam argolas para alongar o pescoço. Situação inimaginável em outras partes do mundo.

O que é considerado belo hoje pode não tê-lo sido ontem ou não o será amanhã. Ou ainda, não se enquadrar em padrões estéticos de outras culturas contemporâneas. Certo mesmo é que a busca pela beleza é uma tendência humana.

Nas palavras do poeta Vinícius de Moraes: “beleza é fundamental”. Será?

Só uma passadinha

Estou de volta depois de alguns meses ausente. Incrível pensarmos em quantas coisas acontecem na vida da gente em menos de um ano.
Vou passar por aqui de vez em quando pra partilhar com vocês meu cotidiano carioca.
Nesses 8 meses de ausência a vida mudou tanto. Mudei de trabalho, de endereço, voltei a estudar, 2 casos de assalto na família. Conheci gente interessante, outras nem tanto.
Até breve...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Besouro, Cordão de Ouro



Esta peça esteve em cartaz no Rio em 2007. Das que assisti, sem dúvida, foi a melhor. No momento, está em turnê pelo Brasil. Nos resta torcer para que ela volte ao Rio. Uma verdadeira obra-prima de autoria de Paulo César Pinheiro e direção de João das Neves, com direção musical de Luciana Rabello.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Natal

Ontem fui ao shopping e fiquei assustada com a multidão voraz que se acotovelava pelos corredores. Aliás, tenho percebido nos últimos anos que o apetite consumista das pessoas fica incontrolável nessa época do ano. Simplesmente assustador!
Que saudade dos Natais da minha infância, quando toda a família se reunia na casa de minha avó. Ficava ansiosa para ver os primos e tios reunidos. A chegada de Mariângela e Elaine, primas, amigas e companheiras de infância, era um acontecimento. Sobretudo, porque depois do Natal elas passariam parte das férias em minha casa. E aquele cheirinho de guloseimas que vinha da cozinha? Inesquecível. A magia do Natal, pra mim, ficou ali.
Não havia ainda essa fúria consumista que vemos hoje. Comprávamos presentes sim, mas era tudo feito com a calma e a tranqüilidade daqueles fins dos anos 70.
Será que é irreversível? Nunca mais teremos aqueles Natais de nossa infância? Fica a saudade...

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Continua lindo...



Nos últimos dias, os episódios de violência no Rio tem sido tantos e tão brutais que o coração fica apertado, enquanto nos perguntamos: o que será de nós? Pensamos, então: ora, mas não vivemos numa democracia? Basta votarmos direitinho nas próximas eleições municipais, que tudo vai melhorar. Aí, com o coração apaziguado pela esperança (ela, sempre a esperança, aquela que nos mantém vivos), abrimos os jornais em busca de uma notícia mais amena. Para aniquilar de vez a tal da esperança, lemos que quem ocupa o 1º lugar nas pesquisas de intenção de votos para a prefeitura do Rio é ninguém menos que Wagner Montes.
Pra mim é a gota d´água!! E quando já estou virando uma resmungona, daquelas que dizem que o país não tem jeito e que político é tudo ladrão, saio para uma caminhada pelas ruas do Centro, subo a escadaria do Teatro Municipal e vejo o Morro do Pão-de-Açúcar. Lindo! Emoldurado pelo azul do céu. Pronto, é o suficiente pra me lembrar que o Rio continua lindo sim. E, por mais que tentem há séculos destruí-lo, ele reage imponente e esplendoroso como se quisesse dizer: vocês não são páreo pra mim. Sinto de volta a esperança e o amor pela Cidade Maravilhosa. E pra terminar o dia ainda mais feliz, acabo de ler a notícia sobre a renúncia de Renan à presidência do Senado.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Cinema Paradiso

Uma pitadinha de cinema da melhor qualidade pra enriquecer este espaço.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Mais uma bela fotografia by Roberto Machado Alves



Ângulos do Rio


Meu amigo Roberto Machado Alves, psicólogo e fotógrafo, com seu talento e sensibilidade, fez essa belíssima fotografia, publicada na coluna do Anselmo Góes, em "O Globo". Tenho grande prazer em dividi-la com vocês.

Feira do Rio Antigo

Amanhã, na rua do Lavradio, é dia de Feira do Rio Antigo. O evento acontece sempre no primeiro sábado do mês. Os antiquários das redondezas expõem suas peças em barraquinhas nas calçadas. Os bares ficam lotados, e na rua acontecem vários shows no decorrer do dia. Programinha muito agradável!!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Fim de ano


Começou a temporada de confraternizações de fim de ano. São encontros deliciosos com pessoas que fazem parte da nossa vida, mas que na correria do dia-a-dia, muitas vezes não conseguimos desfrutar de suas companhias fora do ambiente acadêmico ou profissional. Esse é o papel desses encontros. Este ano, terei encontros com colegas do atual trabalho, do antigo trabalho, da faculdade, do trabalho do marido, etc.
Ontem, eu e minhas amigas Cátia e Flávia já fizemos uma prévia da nossa confraternização que acontecerá em dezembro. Muito gostosos esses encontros despretensiosos. Eles sempre acabam se transformando em momentos especiais, em verdadeiras terapias do riso e da descontração. É muito bom poder estar com pessoas com as quais você não precisa se utilizar de escudos. Quando se pode falar bobagens sem a preocupação de ser julgada, ser você mesma, sem artifícios, podendo se despojar das convenções. O nome disso é amizade.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Violência X Violência

Hoje, estava na ante-sala de um consultório médico, quando comecei a folhear um exemplar da revista Época, que trazia um artigo sobre o assalto sofrido pelo apresentador Luciano Huck. Discutia-se a legitimidade do desabafo público feito por Luciano na Folha de São Paulo. Fica a pergunta: Luciano tem o direito de trazer a público sua indignação por ter seu Rolex roubado? A minha opinião é que num Estado democrático todos temos liberdade de expressão, mas tenho uma sensação, que é muito particular: penso que o assalto é uma prática violenta, mas também vejo a ostentação como uma forma de violência. Não consigo ver com normalidade o fato de uma pessoa usar um relógio no valor de trinta mil reais ou de comprar um carro de cem mil reais. Pessoas ainda morrem de fome no Brasil, por mais incrível que isso possa parecer. É a nossa realidade.
O assunto é polêmico. Direito todos temos de fazermos o que bem entender com o dinheiro que é fruto de nosso trabalho. Mas será que o menino que me pediu uma uva que eu comia dentro do carro, quando parei no sinal, e que recebeu com a alegria de quem acabou de ganhar um valioso presente, não se sente agredido com o luxo e a ostentação a sua volta?
O que é violência? Será que é só cometer crimes previstos no Código Penal? Ou a omissão e a ostentação também são atitudes violentas que cometemos todos os dias, sem, na maioria das vezes, nos darmos conta disso?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Noel


Baixamos no fim de semana a discografia de Noel. O cara morreu aos 26 anos e deixou mais de 200 composições. Imagina se tivesse morrido velhinho...
Como dizia o pai dele, Noel compunha uma música a cada tossida que dava.
Talento é uma coisa comovente, né? Sempre me pergunto de onde ele vem. E não estou falando só de talento musical. Existem pessoas brilhantes em todas as áreas do conhecimento. Essas habilidades extraordinárias sempre me intrigam.
Sorte da humanidade que esses talentos sejam tão diversificados. Assim, muitas áreas se desenvolvem graças ao brilhantismo dessas criaturas especiais. Já pensou se todos detestassem matemática como eu?? As ciências exatas ainda estariam na sua pré-história.

Beco do Rato


Estive esta semana no Beco do Rato, na Lapa, com minha amiga Telma. Quem ainda não conhece, precisa ir até lá numa quinta-feira à noite. Vocês conseguem imaginar um lugar, que além de comida e bebida, ofereça a seus freqüentadores show de chorinho e cinema ao ar livre? Isso mesmo, cinema na rua. Uma boa pedida para as noites do verão, que chegará em menos de 1 mês.

domingo, 25 de novembro de 2007


Fui ao show beneficente da Bethânia e Luiz Melodia no Vivo Rio para angariar fundos para a ONG "Força do Bem", presidida pela atriz Isabel Filardis. A ONG trabalha para dar mais dignidade ao deficiente físico no Brasil. Serão vendidas camisetas nas lojas Lupa-Lupa, com renda revertida para as ações em prol dos deficientes. Fica a dica!

Três Sugestões


Deixo três sugestões para os meus amigos. A primeira, é o novo livro de Heloísa Seixas, "Um Lugar Escuro", uma leitura agradável e comovente. Como tudo que Heloísa escreve, este livro é de uma delicadeza impressionante, mas com o diferencial de ser não-ficção. Na verdade, Heloísa se desnuda para contar histórias de sua vida em família, sobretudo relatar sua difícil relação com a mãe, hoje doente em fase terminal do mal de alzheimer.
Como segunda dica, fica o filme "Noel, o Poeta da Vila". Um filme delicioso! Com a cara do Rio de Janeiro dos anos 20 e 30. O diretor Ricardo Van Steen conseguiu levar à telona o verdadeiro espírito carioca. Acreditem, vale conferir!
Sugiro ainda, uma visitinha ao MAM. A exposição de fotografias de Marilyn Monroe é de um realismo surpreendente. Marilyn foi fotografada 6 semanas antes do suicídio (?). Muitos dizem que o fotógrafo Bert Stern captou através de sua lente a aura de angústia que já pairava no olhar daquela, que talvez tenha sido o maior símbolo sexual de todos os tempos.
Bom, é isso. Espero que este espaço sirva para trocarmos muitas idéias e informações interessantes.
Beijo!!