segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Ainda sob o impacto de “Tropa de Elite 2”, lembrei-me de um dado interessante que li em algum lugar há alguns anos. O texto afirmava que algumas favelas da zona sul da cidade do Rio de Janeiro apresentavam IDH equivalente ao de regiões miseráveis da África. Enquanto em bairros como o Leblon, por exemplo, o IDH equivalia ao de países europeus. Esse abismo social é uma forma cruel de violência. Esta é a matriz para todas as outras variações da violência que vemos retratadas no filme.
O Rio de Janeiro é a cidade dos paradoxos. Na introdução de “Vigiar e Punir”, de Michel Foucault, há uma detalhada descrição de uma sessão de tortura ocorrida na Idade Média. Como não fazer uma analogia com o que acontece no Rio? No filme, a cena de violência contra a jornalista nos aproxima das cruéis torturas medievais. Apesar da distância temporal e geográfica, é como se a sociedade tivesse permanecido estática por meio milênio. A barbárie da Europa medieval está presente no cotidiano carioca, em pleno século XXI. Realidade perversa e anacrônica.
Por estes motivos, “Tropa de Elite 2” pode ser considerada uma obra ficcional, sim, mas que retrata a dura e triste realidade semi-invisível que está ao nosso lado e não vemos, ou fingimos não ver, por comodidade. Sua corajosa crítica social é fundamental pra nos sacudir e dizer: “tudo isso está acontecendo debaixo dos seus olhos! Acorde!”.

Um comentário:

Roberto Machado Alves disse...

Ótima postagem. Renasceu com louvor. Assim, assistir ao filme passou a ser um compromisso.


bjs